Que estranha é essa sensação de se conhecer.
Quão perigoso é se encontrar.
Que horrível é essa brincadeira de se reconhecer.
Quão difícil é se entender.
Eu tenho medos enormes, mas o maior deles é de mim. Se eu for tão longe, se eu não sair do lugar, se eu der ação ao que penso, se eu desligar meus desejos, se se se sempre. E eu não mais critico quem corre para as montanhas, quem se esconde numa caverna ou se fecha trás de uma frase decorada e uma feição programada para não assustar o transeunte. Mas coube a mim a nitidez. Tem gente que é aço inoxidável, eu sou vidro. Pareço aquele prato duralex marrom que quando cai ao chão brinca de bambolê invisível enquanto todos admiram a cena e se perguntam: será que agora vai quebrar?
Às vezes quebro. Às vezes não. Mas eu me quebro com a mesma facilidade em que me reconstruo: por vezes vitral, expondo minhas cores, por vezes caleidoscópio, segredando fragmentos de luz.
E eu juro que tentei, Oswaldo, mas é tão difícil manter a mente quieta e o coração tranquilo! A espinha ereta já larguei de mão faz tempo, escoliose, sabe?
Vidro que se faz no fogo, e mil formas e cores deslumbrantes.,